Pressão alta, mesmo dentro do limite pode ser um risco de AVC
Pacientes com pré-hipertensão têm risco 55% maior, diz revisão médica.
Trabalho avaliou 12 estudos feitos com 518 mil pessoas em 4 países.
Pessoas com pré-hipertensão têm um risco 55% maior de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) no futuro em relação a indivíduos sem histórico do problema. Além disso, pacientes com menos de 65 anos que estão na maior faixa de pré-hipertensão têm uma probabilidade 79% maior. É o que apontam pesquisadores da Faculdade de Medicina de San Diego, na Universidade da Califórnia, EUA, em uma revisão da literatura científica sobre o assunto, publicada esta semana na edição online da revista “Neurology”.
Foram compilados 12 estudos da população em geral – quatro dos EUA, cinco do Japão, dois da China e um da Índia – e usadas estatísticas para descobrir se realmente existe um maior risco de derrame em pacientes com pré-hipertensão. Juntos, os trabalhos envolveram mais de 518 mil participantes e períodos entre 2,7 e 32 anos, com ocorrências documentadas de AVC. Foram incluídos material de bibliotecas e bases de dados médicos.
A prevalência de pré-hipertensão nos estudos variou de 25% a 46%. Nos EUA, estima-se que cerca de um terço dos adultos tenha o problema. O resultado independeu de fatores como idade, sexo, etnia, diabetes, obesidade, colesterol, tabagismo, tipo de pressão arterial (sistólica ou diastólica) ou de AVC (isquêmico ou hemorrágico).
A pré-hipertensão é uma categoria clínica criada por especialistas em 2003 para descrever pacientes cuja pressão arterial está elevada, mas ainda dentro de uma faixa considerada normal. Pouco ainda se sabe sobre a real ameaça desse problema, que é definido por uma leitura de pressão sistólica (o número mais alto) entre 120 e 139 mmHg e uma leitura diastólica (o valor menor) entre 80 e 89 mm Hg.
Já a pressão alta, além de AVC, pode levar a insuficiência ou ataques cardíacos, doenças cardiovasculares e renais.
Segundo o professor de neurociências da Faculdade de San Diego Bruce Ovbiagele, e autor sênior do estudo, quanto maior for a pressão arterial, maior será o risco de doenças e morte, possivelmente já a partir da faixa normal de sangue.
Ovbiagele disse que estavam faltando evidências conclusivas sobre o tema e que novas pesquisas ainda são necessárias. Para o neurologista e diretor do Programa de Derrame em San Diego Thomas Hemmen, que não estava envolvido nesse trabalho, as informações são inovadoras.
Ao longo dos anos, a faixa de pressão arterial identificada como favorecedora de AVC e problemas cardiovasculares foi reduzida. Agora, tudo o que está acima de 115 (ou 11,5, na leitura popular) pode aumentar os riscos. Mas ainda são necessárias novas ferramentas para o diagnóstico de pré-hipertensão.
Tanto Hemmen quanto Ovbiagele concordam que há poucas evidências científicas de que tomar remédio para baixar a pressão pode prevenir derrames. Por outro lado, os dois médicos dizem que essas descobertas devem encorajar as pessoas com pressão arterial alta, mas ainda dentro da normalidade, a mudar logo de comportamento.
Jovens e adultos de meia-idade devem verificar a pressão arterial regularmente. Se forem enquadrados na faixa mais alta de pré-hipertensão, precisam tomar medidas específicas para modificar o estilo de vida, como reduzir a ingestão de sal e manter um peso normal.