Estimativas americanas indicam que mais da metade das 40 milhões de mulheres que estão ao redor da menopausa apresentam sintomas, tais como ondas de calor, depressão e despertar noturno. Um estudo realizado nos Estados Unidos procurou avaliar a relação entre problemas no trabalho e relacionamento com os sintomas, nesta fase inicial da menopausa e pós-menopausa precoce. Eles avaliaram também dosagens hormonais, auto-percepção da saúde e fatores relacionados ao estresse. 184 participantes forneceram os dados e amostras laboratoriais. A idade média das mulheres foi de 47 anos.

O resultado mais importante foi a observação de que interferência com o trabalho se associou significativamente com pior auto-percepção de saúde, estresse, depressão e dificuldade para se concentrar. Do mesmo modo, “interferência nos relacionamentos” se associou significativamente com a idade e os mesmos problemas emocionais, acrescido do despertar noturno. Os autores destacam que a relação entre estresse, depressão e pior avaliação do estado de saúde com qualidade no trabalho e nos relacionamentos pode ter via dupla. Ou seja, quem vai melhor numa avaliação, vai melhor, também, na outra. Mas não deixa de ser interessante confirmar que o modo como a mulher se sente no trabalho e no relacionamento íntimo é influenciado pelos problemas e sintomas comuns desta fase da vida.
Daí que tratar estresse, ansiedade e depressão pode ser um caminho para melhorar a vida da mulher no trabalho e em casa. Por exemplo, os autores sugerem que a ansiedade e o despertar noturno sejam indicativos de alto grau de excitabilidade, que por sua vez, é uma característica que agrava ou amplifica os sintomas. E uma mulher sintomática pode ter relações de trabalho e familiares bem complicadas. Daí a necessidade de tratar tanto os sintomas, quanto a ansiedade. É provável que isso tenha impacto positivo para as mulheres. E com isso, chefes, colegas de trabalho, maridos e companheiros agradecem. (Woods & Mitchell. Symptom interference with work and relationships during the menopausal transition and early postmenopause: observations from the Seattle Midlife Women’s Health Study. Menopause: 18(6):654/661)

Escrito por Dr. Alexandre Faisal